ONS projeta que faltará potência para atender o sistema - Lima Netto Carvalho Abreu Mayrink
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ONS projeta que faltará potência para atender o sistema

ONS projeta que faltará potência para atender o sistema

Conforme amplamente noticiado pela mídia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) volta a alertar para a insuficiência de potência no sistema elétrico brasileiro, o que evidencia que o desafio atual não se restringe à disponibilidade de energia, mas sim à capacidade de atendimento à demanda nos horários de pico – atributo fundamental para garantir a segurança operativa do sistema.

Nesse contexto, os analistas do ONS recomendam, mais uma vez, que o governo realize leilões específicos de potência em base anual, de modo a assegurar a contratação de recursos aptos a garantir o suprimento adequado em momentos críticos de consumo.

A experiência internacional revela que sistemas com significativa penetração de fontes renováveis não despacháveis, como a solar centralizada, enfrentam o fenômeno conhecido como “duck curve”. A geração solar, por exemplo, é mais intensa durante o dia – período de menor demanda – e reduz-se justamente no entardecer, quando ocorre o pico de consumo. No caso brasileiro, estima-se uma necessidade de substituição de cerca de 60 GW de capacidade nesse intervalo. Atualmente, as hidrelétricas têm desempenhado esse papel, mas sua capacidade de resposta é limitada, sendo necessário, além disso, o acionamento de usinas térmicas despacháveis, que possuem maior custo de operação.

Outro ponto crítico é a necessidade de geração próxima aos centros de carga. A localização geográfica da geração, especialmente solar no Nordeste, enfrenta restrições de escoamento devido à insuficiência da infraestrutura de transmissão para atender plenamente à demanda nas regiões Sudeste. Esse descompasso acentua o risco de curtailment, ou seja, o corte da geração renovável disponível em determinadas regiões, agravando ainda mais o desafio do suprimento nos momentos de maior demanda.

Diante desse cenário, é imperativo que o planejamento energético nacional avance para além da expansão da oferta de energia, incorporando de forma sistemática os atributos de potência, flexibilidade operativa e localização da geração. O alerta reiterado do ONS evidencia a urgência de medidas estruturais para evitar riscos de desabastecimento em horários críticos, assegurando a confiabilidade e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro no médio e longo prazos.

 

Advogada Manuela Dana